07 junho 2010

Rio Branco, a Fênix capixaba


Na tarde desse sábado, 7 de junho de 2010, o ES pode sentir novamente o que é o futebol. Devemos reconhecer a fraca identidade do povo capixaba com o futebol da nossa terra. Porém, mesmo enfrentando a desorganização, pode dar a esse povo ingrato uma tarde digna de uma decrição de Armando Nogueira e Nelson Rodrigues. Como manda o figurino, o Rio Branco foi campeão capixaba com tudo que uma final emocionante tem direito.


Um dos clubes mais tradicionais do estado, o Rio Branco passa desde 2006 por uma renovação. Esquecido naquela época ou lembrado apenas por um passado glorioso porém distante, não estava sequer na segunda divisão capixaba. Endividado foi obrigado pela segunda vez em sua história a ceder sua casa, o Cléber Andrade em Cariacica, para o estado. Como cedeu anteriormente para a construção do Cefetes sua sede em Jucutuquara. O maior detentor de títulos do campeonato capixaba começou uma caminhada rumo a glória.


Voltou para a capital. Reconstruiu seu plantel com jogadores promissores e veteranos. Rapidamente a torcida voltou a encher os estádios. Ronicley, o atual camisa 10 e capitão do time, logo ganhou a identificação com o time e hoje atua como o líder da equipe. Equipe essa, que em 2008 chegou às finais da Copa Espírito Santo perdendo para a rival Desportiva. Em 2009 chegou às finais do Campeonato Capixaba, chegando a sentir o gosto de campeão, seguido da decepção de perder no tapetão o título para o São Mateus. No mesmo ano, chegou novamente à final da Copa Espírito Santo perdendo para outro rival, o Vitória.


Em 2010 o time durante todo o campeonato fez uma exelente campanha. Porém os gritos de 25 anos de jejum ainda ecoavam nos estádios capixabas, vindo das bocas de seus rivais. A pressão nesse ano foi ainda maior. O time guerreiro novamente chegou as finais do capixaba, em um clássico rico em lendas e contos, o Vi-Rio. Havia tempos que os dois maiores clubes da capital não chegavam juntos a uma final de competição. Mas tudo isso foi recompensado.


O primeiro jogo, disputado no Engenheiro Araripe, lotou o estádio. Partida dura, os dois times se estudando e de canela Humberto, atacante do Rio Branco, coloca o Capa Preta em vantagem. O Rio Branco chegou ao segundo jogo podendo empatar. Novamente no Araripe, o primeiro tempo do segundo jogo foi tão truncado quanto o primeiro jogo, talvez com um maior proveito das poucas oportunidades por parte do Vitória. O senador Casagrande juntamente com outros 10 mil espectadores, além dos que preferiram assistir em casa viram um segundo tempo de muito nervosismo. Na metade dele, o Vitória se viu prejudicado reclamando de um suposto gol de Leandro, que segundo o juíz o goleiro Walter tirou em cima da linha. Logo depois Nem foi expulso, diminuindo as esperanças do time alvinil. Mesmo com o jogo "controlado" após a expulsão, o nervosismo não diminuiu. Os torcedores riobranquenses esperavam para soltar o grito entalado a 25 anos. Era tanto nervosismo, que o treinador Dé Aranha da equipe alvinegra, ídolo no passado, não aguentou e desmaiou com a queda de sua pressão. De dentro da ambulância, viu o juíz apitar o final da partida para festa do Capa Preta.


Em vários pontos da Grande Vitória, foi possível ver a festa nas ruas que aquele momenta estavam alvinegras. Crianças e adolescentes que nunca haviam visto o Rio Branco campeão, puderam sentir a força de sua torcida. Senhores de cabelos grisalhos, puderam se lembrar de uma sensação que quase haviam se esquecido. E assim, o Rio Branco usufruiu do efeito Fênix, para se recolocar dentro da tradição do futebol capixaba.

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