13 novembro 2010

O crescimento do poder aquisitivo da classe C



Chamada de “nova classe média”, a classe C engloba mais da metade dos brasileiros, cerca de 94,9 milhões de pessoas. O grupo passou a concentrar 46,24% do poder de compra dos brasileiros, superando as classes A e B, com 44,12%.Nos últimos anos uma série de políticas econômicas possibilitou a ascensão desse grupo. Entre elas pode-se destacar o aumento real do salário econômico em 53%, o Bolsa Família, além do incentivo ao micro e pequeno empresário. É o que afirma Marcelo Neri, professor de economia da Fundação Getulio Vargas.

Diego Teixeira, de 24 anos, é encostado pelo INSS por conta de uma doença na medula óssea. Com o dinheiro de sua pensão, está investindo em uma oficina de serralheria junto com seu pai, Paulo Teixeira. Paulo é serralheiro há 20 anos, sempre trabalhou como autônomo e nunca teve oportunidade de investir. Agora com a renda extra, eles pretendem gastar com compra de material e divulgação do novo empreendimento.

Além de permitir que a “Nova Classe Média” possa entrar no mercado não só como empregados mas também como empresários, as políticas econômicas empregadas no último ano permitiram que as pessoas pudessem consumir mais. De 2003 até 2010 o número de cartões de crédito no Brasil cresceu 400%, pulando de 23 milhões de cartões para 193 milhões. Outro fator que contribuiu para esse crescimento de consumo foram as negociações de dívidas antigas. Para retirar o nome da SERASA, as empresas oferecem descontos e parcelamentos, permitindo que antigos consumidores possam voltar a consumir. Atualmente a participação da classe de baixa renda no mercado de consumo chega a representar 65% dos lares brasileiros. As classes C D e E, movimentam aproximadamente 512 bilhões de Reais por ano.

Há 23 anos Brás e Jones abriram uma farmácia no bairro Santana de Cariacica, de maioria de moradores pertencentes a classe C. Filiados a Rede Farmes, eles representam hoje a farmácia mais próspera da rede, a Farmácia Veneza. Esse título só veio a partir das boas vendas realizadas, que surpreenderam até mesmo os empresários. “O produto mais procurado, o que nós mais lucramos aqui são os cosméticos”, contou Brás. Com a melhora do poder aquisitivo, as pessoas compram os produtos mais caros. Eles preferem comprar de uma marca conhecida do que comprar duas vezes.

No entanto, a desigualdade brasileira está entre as dez maiores do mundo. 10% dos brasileiros mais pobres recebem 0,9% da renda do país, enquanto os 10% mais ricos ficam com 47,2%. Com 53,9 milhões de pobres, o equivalente a 31,7% da população, o Brasil aparece em penúltimo lugar em termos de distribuição de renda numa lista de 130 países, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A cada dia a classe média brasileira ganha mais destaque e mais importância no enário nacional. Sem ter grandes propriedades, mas contando com a maioria dos consumidores, a classe chama a atenção das empresas.
*Fobenet recomenda: A Nova Classe Média: O lado brilhante dos pobres

Nenhum comentário:

Postar um comentário