04 abril 2010

Publicidade positivista


Na próxima semana começa na TV Globo o seriado "Força Tarefa", nesse seriado o personagem vivido por Murilo Benício é um detetive da polícia responsável por se infiltrar e prender criminosos dos mais variados tipos. Na série os policiais são mostrados como os heróis que a cada dia salvam alguém e contribuem para uma sociedade mais justa. No mesmo estilo do programa, está para ser lançado o filme "Tropa de Elite 2". No primeiro filme os personagens Capitão Nascimento, Neto e Matias conquistaram o público como policiais corajosos que protegiam a "população" dos traficantes e invadia as favelas. Essa estratégia, se é que se pode considerar uma, é muito comum nos EUA. Vários personagens como policiais, bombeiros e voluntários são mostrados como hérois e justiceiros nos quadrinhos, filmes, livros e séries. Ao martirizarem personagens e enaltecer a segurança pública. Nos EUA essa receita foi bem útil na época conhecida como Caça às bruxas, perseguindo comunistas. Personagens como Capitão América, Flash, Dick Tracy, Agente X-9 e Rip Kirby surgem nesse contexto e fazem sucesso até hoje sempre enaltecendo a pátria e os guardiões da ordem.


Existem várias teorias dos motivos do uso dessa publicidade subliminar. Alguns dizem se tratar de uma tentativa de transmitir ao povo uma sensação de segurança em tempos difíceis, outros acreditam que é para levar jovens aficcionados a seguir carreira militar, já os mais radicais acham que estão tentando esconder uma realidade de violência policial nas ruas. Com certeza existe um pouquinho de verdade em cada uma dessas teorias. Esses supostos objetivos fazem parte do ideal positivista sonhado por militares, uma idealização de hierarquias e ordem.


Ideal esse que sempre andou lado-a-lado por toda nossa história, como está escrito na bandeira do Brasil : Ordem e progresso. Sempre no nosso país a população foi controlada por rédias curtas, usando desde censuras à violência propriamente dita. Não só no período ditatorial como na república velha durante a caça à coluna Prestes, no estado novo com a proibição do PCB e mais recentemente durante a represália aos protestos em Brasília para o impeachment do governador Arruda. Protestos e manifestações sempre foram destruídas ainda em sua origem, evitando de forma maquiavélica que a população entrasse em choque contra o governo. Sempre trataram o povo mais necessitado como uma "doença" só que em vez de tentar previnir dando mais assistência, eduacação, saúde ou até mesmo subsídios fiscais, o governo remedia usando da força para tentar que essa situação de miséria se "espalhe". "A polícia invade um morro não para acabar com o tráfico mais para impedir que a situação caótica dos morros chegue as áreas 'civilizadas'". Se eles quisessem acabar com o tráfico, gastariam mais esforços ($) para acabar com o contrabando, davam oportunidades as moradores, tentando fazer com que eles optem por um trabalho legal do que o crime.

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