02 julho 2012
Conto padrão de pós-briga
14 setembro 2011
Meu guru é um meme
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Que se foda essa merda! |
07 julho 2011
Was talk
Ainda que não tenha te visto, sinto sua presença
Se ainda não é concreto, será você a minha crença?
Isso é complexo, definitivamente coração não é tão simples quanto pensa
De tanto procurar, o acaso me trouxe uma surpresa
Tudo o que eu queria, ainda que não mereça
Encontrei o castelo que esconderam minha princesa
Vem pra mim que nosso amor é culto e oculto
Que tal fugir e esquecer desses puto?
28 março 2011
Eu, o domingo e as minhas dores

Para muitos o futebol não é merecido de emoções por parte dos torcedores. Já tentaram me alegrar muito com essa ideologia após derrotas. Mas quem me conhece, sabe que dou muita importância ao Corinthians: sofro, choro, entristeço e até adoeço por ele. Perder para um rival não é fácil, ainda mais quando de uma só vez perdemos a freguesia de quatro anos invicto, a liderança e ainda ver esses bambis comemorando uma marca histórica em cima da gente. Pois bem, todo duelo que se só ganhe perde a graça. É como deixar o irmão mais novo ganhar de vez enquanto, só pra incentivar ele e ver se lá na frente nos divertimos mais ao ganhar dele. Ver o Bambi Ceni fazer 100 gols deu raiva, mas quem joga há 20 anos num mesmo time como titular, batendo todas as faltas e pênaltis já devia ter passado dos 100 há muito tempo. E pra finalizar o Corinthians perdeu com honra, com 9 jogadores em campo pressionou até o final e não abaixou a cabeça com a derrota. De quebra ainda estamos na frente delas no campeonato.

Quem já sentiu essa dor, sabe que ela demora pra passar. Por vezes até dá prazer em senti-la. Pois é muito chato quando não conseguimos nos concentrar por pensar em alguém, quando todos os filmes e todas as músicas parecem estar falando de você, quando ficamos de uma a três horas na cama pensando em como seriamos felizes juntos, como nos combinamos e tudo mais. Isso acontece comigo o tempo todo. Sou o mestre das paixonites agudas. Insisto em amar platônicamente, sem coragem para demonstrar e quando o faço, sai tudo do jeito errado. Mas pelo menos tem um lado bom, as paixonites agudas quando mal ou não concretizadas passam e não deixam cicatrizes. Agora quando se concretiza, hmmm fica uma marca que demora a sair. Em mim demorou uns dois meses. Amei demais uma pessoa (fiz até poema pra ela). À minha maneira, tentei até demonstrar meu amor, sempre tomando o cuidado pra não ser um chato, um psicopata perseguidor ou algo parecido. Mas aconteceu rápido demais e minha parceira não me aco

25 março 2011
Um pouquinho de Cazuza em mim

Comecei a me identificar com as atitudes de Cazuza. Suas ignorâncias, suas atitudes desleixadas em relação a sua saúde e até da aproximação que buscava com seus amigos. Antes, na primeira vez que vi o filme, achava essas atitudes egocêntricas e exageradas. Me perguntava como que alguém poderia desconsiderar a opinião da família e “acelerar seu processo de destruição”. Agora já entendo tais atitudes. Estou há 4 meses “doente”. Com 4 cirurgias no corpo, um coração instável, um sistema digestivo precário e o pior de tudo: a limitação.

No hospital senti muita dor e agonia. Mas nada dói tanto quanto a limitação, não poder fazer o que você sempre foi capaz de fazer. Como Cazuza, não aguentei ver meus amigos bebendo, jogando bola, correndo, dançando e indo aonde quer que dê vontade, enquanto precisava me resguardar.
Não sou tão genial como ele era, mas ainda assim consigo tirar muitas lições da vida com todo esse processo. Ficar numa UTI, passar tanto tempo acamado, sobre cuidados médicos e restrições o torna uma pessoa mais humilde apesar de tudo. Fico estressado e tenho ataques de rebeldia insistindo em fazer o que não posso. Mesmo diante de nossos familiares tentando nos alertar com toda aquela calma que só quem te ama pode ter. Mas no fundo aprendi que nem eu, nem quem é “saudável” pode viver só. Ninguém consegue ser dono do nariz. Todos nós precisamos uns dos outros, mesmo quando não queremos essa ajuda.
p.s: Tô ligado que pelo histórico da vida amorosa do Cazuza o título ficou gay pra caralho. Foda-se.
15 fevereiro 2011
O que será de mim sem Ronaldo?

O que será do futebol sem Ronaldo? Aliás o que é torcer sem Ronaldo? Com a aposentadoria do jogador, muitos da minha geração verão o futebol com outros olhos, sem que eles estejam sobre Ronaldo. Não conheço o futebol sem Ronaldo, apesar de acompanhar sua decadência infelizmente há algum tempo, nunca imaginei o dia em que fosse parar. Sua carreira foi marcada pela presença dos holofotes, um dos primeiros jogadores a encarar a ascensão da mídia, o seu poder de difusão e um dos grandes beneficiados dela. Graças a isso, Ronaldo é conhecido no mundo inteiro e me ajudou a despertar o amor pelo futebol. Figurou sempre como ídolo na minha vida, o que será de mim sem Ronaldo?
Quando comecei a entender sobre futebol, Ronaldo já era um astro. Quando o esporte ainda era um mistério para mim, quando ainda não sabia o significado de um impedimento, Ronaldo já era meu ídolo. Amadurecendo minha paixão, ganhei do meu pai um Super Nitendo do qual meu game favorito obviamente era o futebol. O jogo já era fruto da exploração da imagem do jogador, “Ronaldinho Soccer 97”. O craque ainda jogava no Barcelona com craques como Figo e Vitor Baía. Lembro-me da sua face pixelada e de uma pele um pouco mais escura do que da maioria dos outros jogadores. O Barcelona era motivo de disputa na minha rua, todos queriam jogar com o time que tivesse Ronaldo. As disputas só se encerravam com um tradicional par ou impar que terminava com o alívio do vencedor e com o perdedor a praguejar da sorte de não poder ser Ronaldo num mundo virtual.
Logo em seguida veio minha primeira Copa do Mundo. Assim como Ronaldo, não era bem minha primeira Copa, já tinha nascido em 94, mas era a primeira vez que participava de maneira mais ativa. Ainda com pouca idade, Ronaldo figurava como principal esperança da seleção brasileira. Os comentários entre meus tios e primos eram sempre sobre o jogador, inclusive quando o Brasil perdeu na final, quando virou vilão por não conseguir ser tão genial como vinha sendo até então. Após isso, o que eu via de Ronaldo era somente nos jogos da seleção brasileira e nas partidas de videogame. Muitos dos jogos do Brasil eram a tarde e no meio da semana, horário que eu costumava frequentar a escola. Lembro-me questionando a professora por que é que havia aula se o Brasil estava jogando, se Ronaldo estava jogando. Sentia necessidade de acompanhar o ídolo, como necessitava me alimentar. Era o meu herói favorito e de muitos brasileiros.
Como todo herói, Ronaldo também precisou derrotar alguns vilões. Enquanto vivia seu auge até então no futebol, sofreu com a primeira de suas graves contusões. O período em que se recuperava foi como um limbo na minha memória futebolística. Não me lembro da seleção brasileira durante esse período. Para preencher esse vazio, voltei minha atenção para o clube que move meu coração, o Corinthians. Amor esse que começou ainda no videogame, no “Ronaldinho soccer 97”, obrigado por isso Ronaldo. Foi nessa época que o clube conquistou dois brasileiros e um mundial. Foi quando entendi o que era um impedimento, o que era um lateral, um volante, um 4-4-2, foi quando entendi o que era o futebol.
O uso da palavra limbo é a melhor maneira para descrever o momento. Pois quando via Ronaldo no campo, ainda era criança demais para entender o futebol e quando ele voltou eu já entendia tudo o que se passava no gramado, mas não conhecia sua genialidade. É estranho, era como se nunca tivesse visto o craque jogar, mas já estivesse encantado pelo seu futebol, algo que só acontece com mitos. O primeiro jogo pela seleção após sua recuperação foi num amistoso poucos meses antes da copa. Ronaldo não desempenhou bem o seu papel e vieram as criticas. O amistoso aconteceu enquanto eu estava estudando, saí da escola e me lembro de ter visto um pedaço do jogo ainda num bar, no caminho entre minha casa e a escola. O Brasil vivia uma crise técnica e a volta do jogador era a grande esperança de todos. Os comentários ainda naquele bar não eram bons. A maioria ainda acreditava que o jogador já havia atingido o ápice e não voltaria a ser tão genial.
Até a Copa do Mundo, o clima era de desconfiança. Ainda não havia visto com maturidade o futebol de Ronaldo. Começava a achar que ele realmente estava acabado. Mas na Copa, Ronaldo mostrou o que era, foi decisivo. A história todos nós conhecemos hoje, chega como quem não quer nada e se torna ídolo mais uma vez. Novamente era o assunto em todo lugar. Havia voltado a ser o melhor jogador brasileiro. Foi o primeiro exemplo de superação que deu a população brasileira. Comemorando o título daquela copa, lembro-me de camisas de futebol com o nove estampado nas costas. Via na escola e na rua várias crianças imitando o famoso topetinho usado na final contra a Alemanha. Após dois anos de limbo, Ronaldo recomeçava de onde parou.
Depois disso, ele entrou para o badalado time de galácticos do Real Madrid. Junto com Zidane e Figo, Ronaldo fez o clube tão popular no Brasil que seus jogos passaram a ser transmitidos na tv aberta, no então recém nascido Band Esporte Interativo com Éder Luís e Neto. Dali em diante, nunca perdi Ronaldo de vista novamente. Acompanhei toda sua genialidade até o fim da carreira. Torcia para ele e para o Real Madrid como torcia para o meu Corinthians. Acompanhava jogo a jogo, xingando os árbitros, os pernas de pau espanhóis que só jogavam no Real porque eram espanhóis (leia-se Michel Salgado e Ivan Helguera), torcia como se fosse torcedor do Real Madrid. Torcia também contra Ronaldinho Gaúcho que se tornava melhor do mundo no Barcelona. Na minha cabeça não podia existir concorrência entre dois craques brasileiros e ainda por cima de mesmo nome. Só havia um Ronaldo.
Acompanhei as lesões do jogador. Era um drama a expectativa antes dos jogos para ver se Ronaldo estaria em campo ou se recuperando de lesão. Eram tantas que o jogador quase não conseguia voltar ao seu condicionamento físico ideal. Fomos nos acostumando a ver o craque cada vez mais rechonchudo. Na copa de 2006, Ronaldo estava sem ritmo de jogo e ainda se recuperando de lesão. Os comentários de gordo começaram aí e foram até o fim de sua carreira. A torcida brasileira nunca poupou o jogador por não ser genial o tempo inteiro. Ainda assim Ronaldo se destacou como o melhor e o que mais correspondeu no então Quadrado Mágico formado por ele, Adriano, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. A expectativa de gols deste ataque era imensa, porém os jogadores vinham de um fim de temporada desgastante onde todos eram os principais jogadores de seus times e estavam superconfiantes. Essa autoconfiança virou comodismo dentro do campo, a seleção fracassou por não se preparar devidamente para a Copa do mundo.
Após a eliminação na copa, Ronaldo começou a perder espaço. Nunca mais voltou a vestir o uniforme canarinho em uma partida oficial. Já não era mais o melhor jogador brasileiro em atividade. Ficou sem espaço também no Real Madrid que começava a reformular seu elenco, já que os galácticos não conseguiam mais ser o melhor time da Europa. Transferiu-se para o Milan, na esperança de que pudesse voltar a ser ídolo num time de ponta.
Com o corpo cada vez mais pesado, Ronaldo ainda mostrava sua velocidade, técnica e habilidade. Foi decisivo ao colocar o clube na zona de classificação para a Champions League mesmo tendo começado o campeonato com pontos a menos, como punição pela participação em esquemas de combinação de resultado no campeonato anterior. Sua chegada trouxe tanta motivação a um clube que não estava muito bem no Italiano, que o Milan conseguiu ser campeão da Champions e do mundial, mesmo sem contar com o craque. A sua simpatia ajudou a afastar a crise que o clube vivia. As lesões também fizeram parte da sua passagem pelo clube. No final da temporada de 2007/2008, Ronaldo sofreu sua segunda lesão grave. O tendão patelar do outro joelho se rompe e ele voltou a viver o drama já superado no passado. Diferentemente da outra vez, Ronaldo não ficou no limbo. Não porque se recuperou rápido e voltou a jogar bem. Infelizmente, ele continuou sob os holofotes por outros motivos. Na era em que a internet tornou-se acessível a uma grande quantidade de pessoas, as fofocas sobre a vida pessoal do jogador se tornaram manchetes em quase todos os sites brasileiros. Escândalos sexuais, separações e traições contribuíram para esfriar a relação entre Ronaldo e seus torcedores, já não era mais o jogador exemplar.
Para muitos, desta vez não havia mais dúvidas, Ronaldo estava acabado para o futebol. Sua imagem era cada vez mais parecida com a de um jogador aposentado. Porém ainda assim era um grande jogador e desejado por muitos clubes brasileiros e europeus. Na fase final de sua recuperação começaram os rumores de onde Ronaldo jogaria. O então fraco Manchester City, recém comprado por um grupo milionário árabe se interessou pelo jogador. Flamengo, cujo até então Ronaldo fazia juras de amor era o favorito para assinar com ele. Sem tanto favoritismo, quem apresentou uma proposta e um projeto mais organizado foi o Corinthians. Nosso clube conquistava nesse momento a redenção no futebol brasileiro, rebaixado em 2007, reestruturávamo-nos para voltar a primeira divisão de forma competitiva da qual costumávamos participar. Ronaldo foi o símbolo dessa reestruturação.
A combinação deu resultados. Ronaldo e Corinthians mostraram um futebol que encantou a imprensa e conquistou todos os títulos do primeiro semestre de 2009. Ronaldo era mais uma vez decisivo e ídolo principal de uma nação. O Corinthians ganhou destaque no mundo inteiro se aproveitando da carreira de sucesso de Ronaldo. No Corinthians, ele pode contar com a paciência e ter todas as condições para voltar a jogar. Ronaldo representou em pouco mais de dois anos o time do Corinthians, foi não só o craque do time, como líder dentro e fora de campo. Porém as lesões continuavam o interrompendo de dar sequência ao seu bom futebol. Somente no fim de 2009 conseguiu voltar a completar 7 partidas seguidas, fato que não ocorria desde de 1998. Ainda assim existia uma imensa expectativa para que voltasse logo para os gramados e ser o salvador da pátria corinthiana. Era uma verdadeira epopeia acompanhar as notícias que vinham do departamento médico do Corinthians. Novos tratamentos, treinos mais específicos e outros equipamentos pareciam que iriam acabar com os problemas físicos do craque. Porém seu corpo continuava a limitar suas atuações.
Todos perceberam que o craque logo pararia de jogar futebol. O anúncio veio em 2010, quando Ronaldo disse que pararia no fim da temporada de 2011. Apesar do anúncio e das apresentações cada vez menos geniais, era difícil pensar no Corinthians e no futebol sem Ronaldo. Todos sabiam que ele já não era um jogador que decidia sempre as partidas, mas poucos achavam que ele iria parar. Foram tantos exemplos de superação, que a sempre ingrata torcida esperava sempre mais um. E como essa superação não vinha de forma definitiva, ele foi mais uma vez criticado, como sempre foi em sua carreira, por não ser perfeito.
Após uma eliminação precoce do Corinthians de seu maior sonho de consumo, a Libertadores, as críticas sobre Ronaldo aumentaram. Foi afastado do elenco principal e não voltou a jogar. O gostinho de quero mais vai ficar pra sempre em nós corinthianos. Apesar de sempre criticá-lo, poucos desejavam a sua saída, e desses poucos, muitos a desejavam de forma inconsciente. Ronaldo parou. Nunca mais irá jogar futebol. A sensação nesta segunda-feira pós aposentadoria é de já ter saudades do craque, uma sensação de choro preso que cria um vazio dentro do peito. É difícil explicar. Parece um pesadelo que logo vai passar, não seria assim que eu imaginaria o fim da carreira de Ronaldo, algo que nunca passou pela minha cabeça. Presente desde o início como principal protagonista da maior das minhas paixões, vai ser difícil acompanhar o futebol sem Ronaldo, ele marcou uma época que jamais será esquecida. Espero que desta vez quem não fique no limbo seja eu, vivendo somente do passado de Ronaldo, sem saber o que é futebol sem ele.
17 novembro 2010
Eugênio Martini: Lutando contra todos em busca de um mundo melhor
Em uma pequena sala no Térreo da Faculdade PIO XII, Eugênio Martini expõe durante alguns dias toda sua paixão pela telefonia. De escola em escola, o responsável pelo “Museu do Telefone” enfrenta uma série de dificuldades para se fazer o que acha que é certo. O empresário tem uma loja de celulares no Centro de Vitória, mas o que o move mesmo é a paixão pelas pessoas. Envolvido em campanhas para a preservação da cultura e do meio ambiente, Martini esbarra na legislação para alcançar seus objetivos. Ele já tentou abrir ao público sua coleção por duas vezes, mas foi fechado pelos fiscais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, e da Prefeitura de Vitória. Porém, Martini é persistente. Ele batalha para levar o conhecimento da telecomunicação brasileira às pessoas: “para mim, a Felicidade é não ter nada e não desejar nada.
Nascido em Itajaí, interior do estado de Santa Catarina, Martini foi criado pelos avós. Em casa, os avós sempre incentivaram a cultura. A paixão por coisas antigas veio do avô que possuía um Ferro Velho. “Uma das lembranças que eu tenho daquela época era um Ford 29 dele que funcionava à manivela”, lembra. Ainda criança entrou para o Colégio de Padre onde aprendeu filosofia, história, cultura e francês. Jovem e com uma vasta bagagem cultural, não quis seguir os conselhos do pai que o queria trabalhando na roça. Em 1964, Martini passa num concurso da Marinha Brasileira para ser Auxiliar de Comunicação, telegrafando mensagens. Seu primeiro contato com a telecomunicação.
Martini morou em várias cidades de Santa Catarina. Passou por Joinville, Florianópolis e Blumenau, sempre trabalhando no comércio. Infelizmente, perdeu todo o seu patrimônio nas Grandes Enchentes de 83 e 84. Sem grandes perspectivas em uma cidade arrasada, ele junta tudo o que restou e se muda para Vitória, no Espírito Santo. Buscando reconstruir sua vida, ele chega ao estado em 1985. Em terras capixabas, seu primeiro emprego foi como vendedor de carros. Logo, passou a trabalhar por conta própria comprando dívidas dos consórcios de carros de outras pessoas. Além dos carros, Martini passou também a comprar linhas telefônicas, uma novidade no Espírito Santo e acessível apenas para os mais ricos.
Na época os aparelhos pertenciam todos à companhia telefônica Telebrás. O telefone estava sempre acompanhando a linha. Quem comprava a linha telefônica, recebia a posse do aparelho que continuava sendo da empresa. Com o avanço tecnológico, a companhia passou a oferecer mais frequentemente novos aparelhos. Martini começou a guardar os mais bonitos e exóticos.
Como corretor de linhas telefônicas, logo se viu com uma coleção significante. Outras pessoas começaram a perguntar sobre a coleção. Muitos doavam aparelhos raros, contavam histórias e isso despertou um interesse seu em abrir um Museu.
Em 1997, Martini realiza seu sonho e abre o Museu do Telefone, no Centro de Vitória. Aos poucos, ele dedica cada vez mais tempo ao seu projeto: estudando livros que encontra sobre o assunto, pesquisando, fazendo a manutenção do acervo e limpando o local da exposição.
O que o mais motiva é a satisfação das pessoas ao visitar o Museu. “As pessoas se aproximam achando tudo muito estranho e confuso a princípio. Depois saem da exposição maravilhadas. Uma senhora chorou quando viu um gramofone, lebrou de seus pais na hora. Às vezes, a transformação era tanta que me dava até vontade de chorar”, revela Martini.
Com visitas cada vez mais freqüentes, alguns problemas começam a aparecer. Muitas peças quebram, são roubadas, mas isso não o desanima: “a exposição é mais do que o material que está ali, é a volta ao passado. Poderia ter um material muito mais rico se limitasse as pessoas durante a visitação, mas o objetivo de um museu não é esse. O que eu quero é partilhar.”
Em 1999, no entanto, a fiscalização do Iphan fecha o Museu do Telefone por estar vinculado apenas a uma pessoa física. Triste, Martini fica então impossibilitado de realizar seu objetivo de partilhar a sua obra com as pessoas. As peças ficam guardadas por algum tempo em seu prédio comercial.
A solução encontrada por ele para manter o Museu foi ir de encontro com o público. “Já que eu não podia mais abrir o meu espaço, comecei a levar algumas peças em feiras, escolas, empresas, onde me convidasse eu levava o Museu”, conta. Mesmo assim, Martini não se achava satisfeito a respeito de seu objetivo. Em 2006 reabre o Museu, mas novamente é fechado em 2009. Desta vez pela Prefeitura de Vitória. O motivo era por ele estar financeiramente impossibilitado de arcar com as exigências da prefeitura.
Forçado a se afastar de seu projeto com o Museu, ele passa a se envolver com outros projetos. Entre eles, ajuda a instituir na Grande Vitória o Ciodes, Centro Integrado Operacional de Defesa Social, e como comerciante cria propostas para melhorar a segurança no Centro de Vitória. Durante as eleições de 2004 conseguiu políticos que apoiassem sua proposta de “menos armas e mais amor”. Após a eleição, seu projeto ficou esquecido. Sem obter sucesso, Martini lança um novo projeto voltado ao meio ambiente.
O Projeto “Sapinho, adote uma árvore” parte da intenção do comerciante em juntar o lixo tóxico de pilhas e baterias, trocando por sementes de árvores.Mais uma vez, Martini tem seu projeto limitado pela legislação. Segundo ele, apenas uma empresa no Brasil recolhe esse tipo de material. Essa empresa fica
Persistente, Martini pede mais ação do governo. Para ele, coisas simples de resolver são esquecidas pelos políticos. “Vitória tem um sitio histórico incrível, é a segunda capital mais antiga do Brasil e nada se tem feito para manter essa história viva. No dia do museu, liguei para vários deles para visitar, muitos deles sequer estavam abertos”, revela.
Hoje em dia, ele continua em busca de cumprir seu objetivo, aparentemente cada vez mais difícil. Ainda leva o Museu do Telefone para Feiras e escolas. Porém às vezes acaba sendo prejudicado por ser tão determinado com a sua missão: “a realidade é que perdi minha vida aqui. Privo-me de sair com a minha família para cuidar do museu. Quantos e quantos finais de semana já perdi limpando peças e fazendo manutenção?”.
Apesar de respeitar, muitas vezes sua família fica na bronca por ter que dividir espaço com o Museu. “O que me distancia um pouco de outras pessoas é o amor, isso falta na sociedade. Hoje, criou-se o medo e valores foram perdidos. Não podemos abraçar nossos filhos que já corremos o risco de ser chamado de pedófilo, não se confia mais em ninguém”, conta Martini.
Desse modo, depois de contar sua história, de criticar o governo, de nos ensinar seus conhecimentos, Martini acaba desabafando um pouco. E ouvir é o mínimo que podemos fazer para compensar alguém que se sacrifica para fazer algo melhor para o mundo.
10 setembro 2010
"Cansado de levar pernada? Vote no Saci!"
Ator de um personagem só, assim é Manoel Claristenes, conhecido como Saci Pererê. O ator teve seu auge nos anos 80 participando do Sítio do Pica-Pau Amerelo. Depois do término do programa, Saci volta a TV como o grande personagem do horário eleitoral capixaba. Saci, que é conhecido no folclore brasileiro como alguém que prega peças e engana as pessoas, garante que nunca gostou de política e seu maior interesse na candidatura é se aproveitar da mídia.
Ao convidá-lo para uma entrevista Saci logo se dispôs a ir ao meu encontro na Ufes, “Gosto do ambiente verde de lá, vai ficar melhor para as fotos”, falou ao celular. Encontro-o no dia seguinte, reconheço de longe todo caracterizado e pulando corda. Por onde passa, Saci gera comentários das pessoas. Ele assume o personagem, é travesso. Com 46 anos e apenas uma perna, ele se exibe subindo em postes de luz e pedras, dizendo ainda que anda de patinete (confira!), joga futsal e luta capoeira. Pergunto como gosta de ser chamado, ele já tinha uma resposta ensaiada: “Você acha que o Pelé quer ser chamado de Edson ou Pelé? O Zico quer ser chamado de Arthur ou Zico? Comigo é a mesma coisa, ganhei a minha vida sendo Saci e é assim que sou conhecido”, responde ele.
Saci nasceu no centro de Vitória, Espírito Santo, próximo ao Forte São João. Quando era jovem, disputava uma partida de futebol na escola, quando levou uma pancada em sua perna direita. Devido a um erro médico dos precários hospitais públicos da época, teve sua perna amputada. Não se abateu. Começou a pensar no que fazer a partir de então. Foi quando, na década de 80, viu a oportunidade numa apresentação do Sítio do Pica-Pau Amarelo no município da Serra. Sabendo que todos os sacis da trupe tinham as duas pernas, ofereceu-se aos produtores. Conseguiu falar com Samuel dos Santos, o ator que fazia o papel de Tio Barnabé, que o colocou na peça. Viajou para Taubaté,
Com o término do programa, Saci passou a fazer peças e se apresentar
A idéia da candidatura surgiu do próprio partido, que o convidou em 2008 para ser candidato a vereador
Sua campanha é baseada na busca dos votos de protesto. Diante de um cenário de corrupção, muitos eleitores votam em candidatos bizarros só para “sacanear”. Sobre as críticas de não levar a política a sério, ele logo rebate: “O artista tem que ser criticado. Não viso ganhar a eleição, se ganhar ótimo, tenho minhas propostas para cultura e o meio ambiente. Caso contrário, pelo menos divulguei o folclore brasileiro e o meu trabalho”.
A impressão deixada pelo Saci é das duas uma: ou ele representou por tanto tempo o Saci Pererê que acabou adquirindo características do personagem, ou foi escolhido a dedo pelo destino para representar tão bem essa figura do folclore brasileiro.
24 agosto 2010
Relatos de um Réporter Inexperiente

Durante todo um semestre ganhei um pouco de conhecimento teórico na faculdade. A prática eu acreditava que ganhava apenas escrevendo neste blog. Como eu estava enganado. Talvez o mais próximo de reportagem que eu já havia chegado foi na matéria Diário de Bordo, em que a bordo de um caminhão passei algumas semanas viajando pelo Brasil. Também pude sentir um pouco do que é escrever suas observações como jornalista no post de minha primeira caravana. Porém não estava lá como réporter, não havia sentido as dificuldades de ser jornalista.
A oportunidade de botar em prática tudo que aprendi veio só no segundo semestre da faculdade. Precisando fazer um blog para uma determinada matéria, eu mais alguns amigos escolhemos o tema política, área pela qual sempre quis atuar.
31 maio 2010
A primeira caravana é inesquecível
