17 janeiro 2010

Populismo


Não que eu seja lulista, mas há algum tempo tenho observado uma certa distorção da imagem do atual presidente por parte da mídia, para pior é claro. Todos conhecem os fatos das eleições de 1989, em que Lula foi para o segundo turno com o candidato Collor de Mello. Na época os debates eram distorcidos disfarçadamente; na vez de Lula falar a imagem piorava; colocavam-se debates em horários tardes e os editavam no dia seguinte favorecendo Collor; além do escândalo de uma filha dele fora do casamento, o que nunca foi provado. Em 1994 o Estado de São Paulo publicou uma matéria criticando o Movimento dos Sem-Terra, dizendo que eram vagabundos e prostitutas e destacando o apoio do candidato Lula ao grupo que era visto fora da ética proposta pela Igreja Católica, provavelmente tentando tirar alguns votos dele. Em 2002 para se eleger o presidente mudou política de uma esquerda radical para uma esquerda moderada, tentando fugir de polêmicas como a Reforma Agrária por exemplo, conseguindo assim se eleger pela primeira vez.

Durante todos esses anos de seu mandato Lula procurou sempre manter a estabilidade de governo, entre a direita e a esquerda e nas relações exteriores, sempre desviando de eventuais problemas. Acima disso ele sempre procurou manter sua popularidade, não só entre as populações mais pobres como a elite conservadora.

No final de 2009 o famoso PNDH (programa nacional de direitos humanos), sempre comentado nesse blog, trouxe algumas críticas por parte de alguns setores da sociedade brasileira: da mídia que critica o ranking de emissoras que respeitam esses direitos e a cassação ou suspensão delas para quem não os cumprir; dos militares que ainda temem a punição pelos seus crimes cometidos no período ditatorial de 64 a 85; da Igreja que é contra o aborto que seria descriminalizado pelo programa; e dos ruralistas (os latifundiários) que criticam a nova política de tratamento dos sem terra. Foram feitas algumas ameaças: a revista Veja que coloca os sem-terra como principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia "esquecendo" de mencionar as grandes indústrias madeireiras;e dos diretores do exército, da marinha e da aeronáutica que ameçaram pedir demissão caso não fosse mudado o texto do documento do PNDH. O presidente então voltou atrás e modificou o documento mudando algumas coisas e diminuindo o impacto das transformações do programa.

Talvez por medo de um golpe ou para manter a popularidade de seu governo, o presidente acredita ter dado um passo para trás para dar dois para frente, como se diz popularmente.

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