16 janeiro 2010

Petróleo x Liberdade


O ano é de Copa do Mundo, pela primeira vez na história do evento ele acontecerá no continente africano. O continente sempre foi marcado pela pobreza, miséria e violência, durante muito tempo foi explorado pelos europeus, que acreditavam serem superiores pelo fato de que os africanos não acreditavam em Jesus Cristo e já estavam destinados ao inferno. A colonização colocou os maiores e melhores lotes nas mãos de uma minoria que plantavam alimentos sempre destinados a exportação, o povo africano tinha que se conter com terras inférteis para produzir seu próprio alimento, originando a miséria assistida hoje. A colonização acabou, porém as terras continuam em posse dessa minoria branca. As divisões das colônias feitas para sustentar o desenvolvimento europeu da Revolução Industrial pioraram ainda mais a situação, não foram respeitados nenhum limite tribal, colocando muitas vezes num mesmo território tribos rivais, surgindo nesse contexto as guerras civis.


Hoje a África parece um grande campo de guerra, mesmo com a independência dos países, as diferenças sobrevivem colocando em combate os governos e grupos separatistas que tentam recuperar o território de seu povo, revendo a divisão feita no século XIX. Um desses grupos é o FLEC (Frente Libertadora do Enclave de Cabinda) que nesse mês fez um ataque ao ônibus da seleção de Togo que se dirigia à Angola para disputar a Copa da África de Nações. Apesar de ser à favor de qualquer movimento pela liberdade, eu repudio ações como esta. O FLEC tentou usar a mídia presente nesse evento, num ano tão importante para a África, para chamar atenção para sua causa mas o que se viu foi o contrário. O grupo acabou recebendo um rótulo de terrorista e pouco se fala da luta do movimento, destacando apenas a violência dos povos africanos.


Além disso o alvo escolhido não poderia ser pior: uma seleção de futebol, uma das poucas coisas que oferecem paz e que divertem um povo tão sofrido. Numa tentativa desesperada de pessoas reprimidas para conquistar sua liberdade, muitos apelam para a luta armada mas de uma forma ineficiente e desorganizada. Os guerrilheiros enfrentam dificuldades para conquistar sua independência já que 70% do petróleo exportado pela Angola é extraído dessa região. Mais uma vez os interesses econômicos de uma minoria mais rica predomina sobre a democracia.

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