31 maio 2010

A primeira caravana é inesquecível


A primeira vez a gente não esquece. Eu como corinthiano há muito tempo queria ir ver um jogo do Corinthians. Nessa narrativa vou tentar expressar tudo que vivi para ir ver um jogo, com a riqueza de detalhes que minha memória permite transmitir.
Estava em clima de fim de férias naquela época, um misto de decepção e entusiasmo. Decepção por sentir que não havia aproveitado o bastante. Entusiasmo por querer que comessase as aulas logo para rever amigos. Foi então quando olhei no meu Orkut a comunidade da Camisa 12 - ES. Eu havia entrado nela sem nenhum motivo, apenas para me fazer presente e ajudá-la a crescer, nada além disso. Nela tinha mais um tópico de caravana, dessa vez para o Maracanã. Eu como corinthiano fanático, com o perdão do pleonasmo, nunca tinha ido a um jogo do Corinthians. Passei perto quando o Vilavelhense quase passou para a segunda fase da Copa do Brasil em 2007. Por um gol aos 47 min do 2° tempo o Vila foi eliminado. Era o mais próximo que eu havia chegado. Enfim, aquele tópico não era a primeira caravana que nossa torcida fez. Houve outras oportunidades. Porém, por puro preconceito dos meus pais, nunca conseguira "colar numa caravana" como nós torcedores costumamos dizer. Discuti muitas vezes com minha mãe a respeito disso. Mas dessa vez eu estava disposto a realizar uma das maiores aventuras da minha vida, tão sem graça até ali.

Olhei o preço: 230 reais. Exitei. Conferi minhas finanças e, juro pelo Corinthians, haviam EXATOS 230 reais! Era muita coincidência. Decidi. No domingo anterior ao jogo, liguei para o então presidente da nossa torcida, Anderson Donadoni. Falei com ele se ainda havia vaga para a tal caravana. A ÚLTIMA VAGA. Estava tudo dando certo. Fui ao bar em Jardim da Penha, onde nos encontravamos. Meu primeiro contato com o número superior a três corinthianos em um jogo. Era Corinthians x Santos, jogamos com o time reserva e perdemos por 2x1. Esse gol de honra corinthiano era o que eu precisava. Já estavamos perdendo de 2x0 e , sinceramente, não tinhamos muita condição de empatar aquele jogo. Mas diga isso para um corinthiano, não é palpavel sequer de reflexão. Acreditava numa virada épica, mesmo num jogo sem nenhuma importância. Foi quando em um bate-rebate, Renato, 18 anos e no primeiro jogo como titular fez o gol. Extase em Jardim da Penha. Senti um arrepio que nunca havia sentido. Comemorar um gol com outros corinthianos, novidade para mim. Valeu a ida ao bar. Era só a confirmação que eu estava fazendo a coisa certa. Paguei a caravana depois do jogo. Lembro do Anderson, o presidente, conferindo nota por nota. Eram notas pequenas, como eu disse era as economias de um semestre inteiro de um adolescente que não ganhava mesada. Quantos recreios em Jejum para juntar tal quantia. Coisa de corinthiano maloqueiro.

Durante a semana, precisei inventar um álibi. Poucos eram os cumplices: Welber, Rodrigo e Grilo. Colegas de classe que eu conhecia há poucos meses, mas já depositava uma confiança de anos de amizade. Elaborei um plano de fuga. Para minha mãe, eu iria para uma chácara comemorar o aniversário de um amigo. Não lembro o nome inventado do amigo, mas tive o cuidado de não por em jogo a integridade de nenhum conhecido. Estava tudo combinado, sábado dia 7 de agosto de 2009 eu iria viajar depois da missa. A missa acabava às 20h e eu precisava chegar no bar às 22h. Apreensão. Terminada a missa, me despedi peguei um dinheiro extra com mamãe. Como eu disse só tinha o dinheiro da viagem. Fui para o ponto de ônibus. Para não ser pego em flagrante, me antecipei um ponto antes, um pouco mais longe de casa. Esperava o T. Larangeiras, 1 hora se passou e ele não chegava. Mais apreensão. Fui informado que durante a noite ele não passava por ali. Já eram 21h 30 min. Os outros torcedores esparariam por mim? Tentei pegar um táxi. Ofereci tudo o que eu tinha no momento: trinta e poucos reais. Ele não aceitou a corrida. Corri tudo que pude até a BR 262, deserta àquela hora. Passei por um lava-à-jato abandonado onde fumantes de crack faziam sua noite. Tranquei. Havia um ponto ali perto, mas fiquei com medo de ser assaltado. Corri um pouco mais até o próximo. Em cerca de 5 min percorre praticamente toda extensão de Campo Grande. Fui de uma ponta a outra do bairro. Sentei e em alguns minutos chegou o ônibus. 21h 40min.

Durante a viagem fiquei torcendo para que ninguém desce sinal, que o trânsito estivesse livre, que o motorista corresse o mais rápido possível. Minha mãe ligava. Você está na estrada? Não mãe to na casa do meu colega. Que barulho é esse? É a Tv. Você tá numa festa né Rafael? Ehr... pra falar verdade estou, mas tá tranquilo. Olha lá em... Consegui me desvencilhar de um problema. Mas ainda precisava chegar a tempo no bar, local de saída. O ônibus chegou. Saltara na Praia de Camburi. Corri cerca de 1 km até o bar. Na costela esquerda sentia pontadas. Parecia meu pulmão querendo se expandir a tal ponto de sair do corpo, só para eu poder correr mais. Naqueles poucos metros, pensei em "tudo que vivera até ali(...)". Virei a esquina. Vi uma Sprinter. Ufa, consegui. Cheguei no bar, me apresentei e comecei a me enturmar, metade da saga eu completara.

Conheci um americano, Ethan. Pela primeira vez praticava meu inglês aprendido durante dois anos e meio no FISK. Ele não fazia idéia do que era futebol para os brasileiros, muito menos para os corinthianos, mas tinha sangue de maloqueiro. Ele havia saído da Carolina do Norte para rever um amigo brasileiro que fizera um intercâmbio lá e aproveitou para ir a um jogo de futebol. Ficou sabendo da nossa caravana e, assim como eu, "colou com a 12". Conheci também Yuri e sua esposa que era gremista. Descobri que ele morava há alguns minutos da minha casa. Futuramente seria companheiro em outra caravana. A viagem começou.

Outro ponto importante da minha aventura, eramos uma Sprinter contra uns 5 ônibus lotados de flamenguistas saindo do ES. Talvez fosse normal essa situação para alguns ali, mas para mim era arrepiante. Raça e Jovem, só os sanguinários. Odiavam o Corinthians pela rivalidade das maiores torcidas do país e mais ainda a Camisa 12, por ter roubado o bandeirão deles num confronto em São Paulo. Estavamos na casa do inimigo e em menor número. À paisana, ou como dizemos no nosso meio: sem a farda, a cada vez que paravamos a angústia era grande. Garganta seca e respiração pesada. Eles entoavam gritos de ódio, a gente tentava se mostrar assustados não como torcedores do Corinthians, mas para representar turistas que fariam um passeio no Rio de Janeiro. Não era acovardamento, só um adiamento do confronto. Feito o lanche, entramos na van e partimos dali. Risos. Depois de um certo nervosismo, descontração. Durmi e só acordei chegando na cidade maravilhosa.

Estávamos na ponte Rio-Niterói. O líder do nosso grupo, Ricardo, mostrava para o Ethan os pontos turísticos do Rio de Janeiro. Paramos no Habib's depois da capital, na Dutra. Era o ponto de encontro com os companheiros de SP. Eram 8h da manhã, fizemos um lanche ali mesmo e passamos um rádio para os caras. Previsão de chegada: 14h. Puta que pariu. Esperar até eles chegar aqui? O caralho! - disse Ricardo. Fomos para Copacabana. Sentamos na beira da praia e ficamos discutindo histórias do Corinthians. O melhor time, o título mais importante, o ídolo... a hora do almoço se aproximava. Fomos para um parque do lado do Maracanã, disseram-me que era uma tal quinta da Boa Vista ou algum assim. Almoçamos num quiosque, comida ruim e cara. E nem era um quiosque muito requintado, era um casal que atendia e aparencia do estabelecimento me lembrava os quiosques dos terminais de ônibus capixabas. Passamos o rádio de volta para os paulistas. Esperariamos ali mesmo no estádio. Não. Tinham que entrar todos juntos segundo a polícia. Por sinal, a polícia carioca odeia os paulistas e principalmente os corinthianos de torcida organizada, dá até para entender. Voltamos então para o Habib's, acho que era em Nova Iguaçu. Ricardo estava muito nervoso, ele que até então brincava com todos, não aceitou uma brincadeira de um outro colega. Ficou um clima tenso dentro da van. Todos quietos até o habib's.

Quando chegamos estavam todos lá: Gaviões, Pavilhão, Estopim e Coringão Chopp. Só não estava a Camisa 12. Ricardo ficou ainda mais irritado. Pensamos em sair junto com a Gaviões que ofereceu carona, mas os ingressos estavam com os outros. Saíram todos e ficamos sozinhos, em território inimigo. Muitos cariocas passavam e hostilizavam o nosso grupo. " Seus filhoxs daxs Púta" - disse um deles. Era só um e a gente em uns 15. Pensei em tirar satisfações, mas Ricardo mesmo nervoso aconselhou a não fazer isso. Meia hora de espera e eles enfim chegam. Tatuados dos pés a cabeça demostrando amor ao Corinthians, vieram cumprimentar a gente. Por ser uma torcida pequena se comparada a Gaviões e por nós sermos a única sede fora de São Paulo, eramos como filhos para eles. Senti que realmente era uma família, sem metáforas, no sentido denotativo. Após eles fazerem um lanche no Habib's e saindo sem pagar, maloquero é maloquero, fomos todos para o estádio uns 7 ônibus mais a viatura da polícia que fazia a escolta. No caminho novamente entoei cantos do Corinthians que só via na Tv e no youtube, sabia todos de cor apesar da inexperiência. Chegamos com uns 20 min de atraso. Naquele amaça-amaça que só quem foi ao Maracanã sabe como é, fui entrando. Era como uma espécie de túnel um pouco escuro o acesso a arquibancada. Aos poucos a luz radiava sobre nós, como nos filmes entrei no estádio e fiquei alguns segundos perdido numa outra dimensão, apenas olhando para o estádio. O jogo já estava rolando e lembro perfeitamente da primeira cena Elias correndo como um louco pra cima de um jogador do Flamengo. Caralho, é o Elias - pensei. O primeiro tempo rapidamente acabou, 0x0.

No intervalo a torcida não parou. Cantamos todos as músicas que eu vira na Tv e algumas que nunca tinha ouvido. Levanta o bandeirão! Olhei aquele pedaço gigante de tecido alvi-negro vindo em minha direção rapidamente. Lá embaixo o som fica mais compacto, o que arrepia ainda mais. Começa o segundo tempo, o Corinthians estava mal, o time era misto de reservas com titulares, sem nenhum entrosamento e nenhum comprometimento tático. Adriano faz o gol do Flamengo, vi a torcida deles explodir. É bonito realmente, mas para mim foi mais um arrepio porém não bom de sentir. Foi como uma facada nas costas, senti uma imensão queimação dentro do meu corpo. Torci por um empate, mas realmente não era o nosso dia. O jogo acabou e precisamos esperar umas duas horas para sair a torcida do Flamengo. Voltamos todos meio cabisbaixos. A ida que tinha sido animada e descontraída, apesar do nervosismo, não parecia com a volta. Só havia silêncio e um pouco de desanimo. No outro dia era segunda-feira, muitos trabalhavam. Na van todos durmiam, tentando relaxar após tanta coisa que havia acontecido. Eu também estava cansado, iria para a escola no outro dia em dois períodos. Porém, naquela van silenciosa, depois de toda depressão pós derrota, refleti sobre o que estava sentindo. Era uma depressão pelo Corinthians, estava triste pela derrota, mas estava feliz porque me sentia corinthiano. Se for para sofrer que seja pelo Corinthians então, pensei.

Foi uma derrota, não foi perfeita a minha aventura. Mas foi a primeira. Jamais vou esquecer do dia que sai escondido de casa para ver o jogo do Corinthians quando tinha 17 anos. Parece uma coisa simples para muitos, mas diante das dificuldades que enfrentei, foi uma aventura e tanto. Aqui está esse relato, para que eu não perca esse acontecimento da memória. Um dia contarei para meus filhos e netos, num domingo após o almoço, essa história que vocês acabaram de ler, com a mesma riqueza de detalhes.

24 abril 2010

Queda do sistema 2 [...]


Nessa sexta-feira (23/04), o premier grego Georgos Pampareau finalmente anunciou a ajuda da União Européia na recuperação de seu país. Depois desses quatro meses de desespero e incertezas, a UE resolveu ceder. Há algum tempo a Grécia tem sofrido os efeitos da crise e precisava da ajuda de fora para tentar sair dela.

Desde a quebra dos Lehman Brothers, um banco de investimentos internacional, a econômia grega entrou em colapso. As ações dos títulos públicos gregos caíram muito. Sem ter como vender pois ninguém queria comprar, a situação começou a ficar cada vez pior, aumentou o desemprego, os impostos, etc. Situação essa que também corria o risco (e ainda corre) os países do PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália e Espanha). Então a UE, por decisão da chanceler alemã Angela Merkel, usou de sua influência política negativa não dando assistência a economia grega, como forma de não incentivar a quebra dos outros países do PIIGS, porcos em inglês.

Devida a essa demora, a bola de neve da crise grega só aumentou. Para esse pacote anunciado ontem surtir efeito, o governo terá que cortar gastos (assistencialistas como saúde, educação,etc) e criar novos impostos. Ou seja, novamente a conta cai nas costas da classe trabalhadora. Medida bem parecida foi adotada em outro país da zona do euro, a Letônia. O país também se comprometeu a cortar gastos e baixou os salários dos funcionários públicos em 45%. Hoje o desemprego no país já atingiu a taxa de 20%.

Portanto, agora a UE terá que desembolsar mais dinheiro para tentar salvar a Grécia, o que poderia ter sido solucionado desde dezembro quando a crise começou a ganhar dimensões maiores. Por crueldade do sistema em dar o exemplo, vários jovens já morreram em confrontos com a polícia, empresas quebraram e famílias passam fome. Sem ter outra coisa a fazer, só desejo boa sorte ao povo grego, o berço da civilização ocidental, que enfrentará um período de dificuldades daqui pra frente. E reforçando a idéia do primeiro post, agora é o momento de aumentar a influência da política esquerda no país.

Em continuação da matéria http://fobenet.blogspot.com/2010/03/queda-do-sistema.html .

[HUMOR] Evo e seus frangos gays


Não tem como não comentar. Nessa semana, uma declaração de Evo Morales deu o que falar no cenário internacional. Após dizer, em uma cúpula sobre meio ambiente, que os frangos modificados com hormônios femininos afetam a masculinidade dos homens e que alimentos trangênicos levam a calvície, o presidente boliviano provocou risos no evento. Essa pérola coloca Evo no Hall da Fama de políticos falastrões. Depois disso tudo, vocês querem continuar a me dizer que MASTIGAR COCA NÃO DÁ ONDA ? O bagulho é de alta periculosidade. kkkkkkkkk.

Mas até faz um pouco de sentido a afirmação do nosso Zacarías boliviano. Os homossexuais sempre curtiram cair de boca num pinto, são chegados a soltar a franga...e o Piu-Piu? Até hoje ninguém sabe se é macho ou fêmea. Dão má influência sim. Mas essa história da calvicíe? Dá onde que ele tirou isso? kkkkk
Só que eu gosto do cara. Fiquei até com pena dele. Os conservadores e a imprensa agora vão criticar e desgastar a imagem dele. Gafes todo mundo comete, ainda mais político. O que aconteceu foi que baixou o George Bush no homem, dando uma crise de asneirisse nele.

É normal isso, a gente sempre se empolga quando recebe atenção e de vez enquanto sai umas merdas dessas. E para políticos, essa teoria funciona com ainda mais vigor. Um exemplo disso é o horário político. Você dá SÓ 15 segundos para o candidato, que ele consegue brilhantemente enche-lo de asneiras. Não tem excessão. Quanto mais passa o tempo, mais candidatos toscos aparecem. Nesses momentos a criatividade impera, tem uns que apelam pra uma roupa mais chamativa, outros pros apelidos, para as frases de efeito... o importante é aparecer. Não sei que estratégia é essa para eles acharem que eu vou votar nele porque é engraçadinho. O fato é que aumenta a cada eleição. Mas eu não reclamo, acaba fazendo parte da cultura brasileira, porque no fundo todo mundo quer atenção, mesmo sem saber como usa-lá.

21 abril 2010

Belo Monte: aos 45 do 2°tempo outra polêmica


Após mais um adiamento do leilão para a construtora da Usina de Belo Monte, volta à tona o assunto desenvolvimento insustentável. O leilão que estava marcado para o dia 21 de dezembro foi adiado para o dia 20 de Abril (ontem), porém, graças a uma liminar do Ministério Público, o leilão foi suspenso. Os principais empecilhos para o projeto são as constantes manifestações contra ele. Mesmo após atender todas as exigências do IBAMA, continua a desconfiança sobre os impactos socio-ambientais que ele poderia causar. Para a idealização do projeto uma grande parte de floresta seria inundada, sem contar o remanejamento de várias pessoas que moram ali há anos.


As manifestações ganharam mais força após a adesão do cineasta canadense James Cameron, diretor do filme Avatar. Depois do boato de que a construção atingiria áreas indigenas, como a do Paquiçambó e Arara da Volta Grande, o cineasta disse em uma manifestação em solo brasileiro que "ele vem do que será o nosso futuro", fazendo uma referência à América do Norte que dizimou praticamente todos os seus índios. Outro que se posiciona contra é o respeitado teólogo Leonardo Boff. Segundo ele, uma obra dessas seria como as obras faraônicas da época da Ditadura Militar. A produtividade da usina seria grande mas de difícil transporte até as áreas consumidoras de energia, além de causar grande impacto ao meio ambiente numa época de crise climática. Seria como a Rodovia Transamazônica foi na época: uma tentativa frustada de desenvolvimento, sem grande utilidade e com grandes prejuízos. Além de tudo isso, outro fator ainda impede o sucesso desse empreendimento, apenas um consórcio se interessou no leilão.


O presidente Lula criticou todas essas ONG's e manifestações dizendo que "ninguém tem mais preocupação em cuidar de nossos índios do que nós". Porém é da ciência de muitas pessoas o fato da Aracruz Celulose se apossar de áreas indígenas sem nenhuma ação do governo. Enfim, diante de tanta coisa para dar errado, eu me pergunto por que insistir num projeto desses? Em um ano de eleições, em uma época próxima da Copa e das campanhas eleitorais, onde nenhum político se interessa nas decisões de governo, para que se desgastar, prejudicar sua imagem num projeto que seria para a próxima gestão? Polêmicas como essa foram comuns durante todo o governo Lula, porém me causa um desconforto na insistência desse projeto aos 45 minutos do segundo tempo. Seria pela segurança de garantir ele para o futuro? Essa é uma pergunta que só com o tempo se poderá responder.

04 abril 2010

Publicidade positivista


Na próxima semana começa na TV Globo o seriado "Força Tarefa", nesse seriado o personagem vivido por Murilo Benício é um detetive da polícia responsável por se infiltrar e prender criminosos dos mais variados tipos. Na série os policiais são mostrados como os heróis que a cada dia salvam alguém e contribuem para uma sociedade mais justa. No mesmo estilo do programa, está para ser lançado o filme "Tropa de Elite 2". No primeiro filme os personagens Capitão Nascimento, Neto e Matias conquistaram o público como policiais corajosos que protegiam a "população" dos traficantes e invadia as favelas. Essa estratégia, se é que se pode considerar uma, é muito comum nos EUA. Vários personagens como policiais, bombeiros e voluntários são mostrados como hérois e justiceiros nos quadrinhos, filmes, livros e séries. Ao martirizarem personagens e enaltecer a segurança pública. Nos EUA essa receita foi bem útil na época conhecida como Caça às bruxas, perseguindo comunistas. Personagens como Capitão América, Flash, Dick Tracy, Agente X-9 e Rip Kirby surgem nesse contexto e fazem sucesso até hoje sempre enaltecendo a pátria e os guardiões da ordem.


Existem várias teorias dos motivos do uso dessa publicidade subliminar. Alguns dizem se tratar de uma tentativa de transmitir ao povo uma sensação de segurança em tempos difíceis, outros acreditam que é para levar jovens aficcionados a seguir carreira militar, já os mais radicais acham que estão tentando esconder uma realidade de violência policial nas ruas. Com certeza existe um pouquinho de verdade em cada uma dessas teorias. Esses supostos objetivos fazem parte do ideal positivista sonhado por militares, uma idealização de hierarquias e ordem.


Ideal esse que sempre andou lado-a-lado por toda nossa história, como está escrito na bandeira do Brasil : Ordem e progresso. Sempre no nosso país a população foi controlada por rédias curtas, usando desde censuras à violência propriamente dita. Não só no período ditatorial como na república velha durante a caça à coluna Prestes, no estado novo com a proibição do PCB e mais recentemente durante a represália aos protestos em Brasília para o impeachment do governador Arruda. Protestos e manifestações sempre foram destruídas ainda em sua origem, evitando de forma maquiavélica que a população entrasse em choque contra o governo. Sempre trataram o povo mais necessitado como uma "doença" só que em vez de tentar previnir dando mais assistência, eduacação, saúde ou até mesmo subsídios fiscais, o governo remedia usando da força para tentar que essa situação de miséria se "espalhe". "A polícia invade um morro não para acabar com o tráfico mais para impedir que a situação caótica dos morros chegue as áreas 'civilizadas'". Se eles quisessem acabar com o tráfico, gastariam mais esforços ($) para acabar com o contrabando, davam oportunidades as moradores, tentando fazer com que eles optem por um trabalho legal do que o crime.

21 março 2010

Os mendigos do Brasil


Nas útimas semanas muito se tem falado na nova distribuição dos royalts do petróleo. Principalmente pelo fato de que a nova distribuição lesa o estado do Rio de Janeiro, que tem grande parte de sua receita vinda da extração de petróleo. Porém a nova distribuição explora o uso da receita à favor da união e não dos estados "afetados" por essa exploração. Os cariocas protestam veemente pois não aceitam que uma nova lei de distribuição dos royalts diminua a sua parte, porém a lei vigente é antiga e desigual não promovendo uma boa utilização dos recursos pelo Brasil como um todo.


A mudança da lei já vem sendo elaborada há algum tempo. Um acordo feito em dezembro de 2009 entre representantes de todos os estados, definia uma divisão priorizando produtores e afetados com a maior porcentagem dos royalts. Mas a proposta mudou quando entrou em debate na câmara dos deputados, alegando que o sudeste tem maior concentração de riquezas e que as regiões do interior ficam esquecidas pelo governo federal. A medida tem o objetivo de diminuir a desigualdade entre os estados. Hoje 5 cidades do sudeste; São Paulo e Campinas (SP), Rio de Janeiro e Duque de Caxias (RJ) e Belo Horizonte (MG); representam 25% do PIB brasileiro.


O Rio de Janeiro é O ESTADO MAIS CHORÃO DO MUNDO. Já foi capital do Brasil, recebeu bilhões de reais para construção de estádios na época do PAN (2007), recebe agora para as olimpíadas de 2016, além dos recursos para a copa de 2014. Mesmo assim, tem a cara-de-pau de mendingar os royalts, "exigindo" uma parte maior do que as demais localidades. Segundo seu governo, já existem contratos com empreiteras para obras de infra-estrutura contando com os royalts que ainda não receberam, mas todos sabem que também há cidades no interior que necessitam desse dinheiro para realizar obras não de infra-estrutura, mas de necessidades básicas como saneamento, escolas e hospitais.


Mas no fim da história, a emenda Ibsen Pinheiro (como vem sendo chamada) deve ser vetada ou pelos senadores ou pelo próprio presidente Lula, que com certeza preferiram ouvir seus marqueteiros e não o povo que realmente necessita de atenção.

15 março 2010

Em busca de autonomia


Há algum tempo atrás, os EUA deram alguns subsídios aos seus produtores de algodão que foram encarados como abusivos pelo governo brasileiro. Esse subsídios tem haver com os problemas climáticos enfrentados pelos americanos no começo do ano, com temperaturas abaixo de zero. Para compensar os prejuízos pela a destruição das plantações, o governo americano deu algumas ajudas aos produtores dos cotton belts (áreas destinadas a plantações de algodão nos EUA). O incentivo foi considerado abusivo.


Em resposta o governo brasileiro elaborou uma lista com cem produtos que tiveram o imposto de importação reajustado. A medida brasileira foi "aprovada" pela Organização Mundial de Comércio (OMC), a retaliação passa dos US$ 500 milhões. Essa resposta foi recebida com surpresa no cenário mundial, haja vista do tamanho econômico dos dois países, os EUA que sempre ditou o rítmo da economia, agora se vê prejudicado por um país emergente. A decisão é ousada e há algum tempo já era esperada, devido aos "abusos de poder" dos EUA se utilizando dos subsídios.Porém não é nenhuma loucura como muitos podem acreditar. Todas as medidas adotadas pelo Brasil estão dentro da legalidade. Alguns podem pensar que pode-se ter criado um clima para uma guerra comercial, mas ao contrário do passado, o Brasil não tem mais tanta dependência do mercado americano. Isso pode beneficiar por exemplo o mercado interno de têxteis, dando lhe mais condições para concorrer com os produtos estrangeiros. E ainda incentivar também países africanos, que produzem o produto (algodão) de maneira arcaica, podendo receber agora maiores incentivos tecnológicos da iniciativa privada.


A ação brasileira parece representar uma grande mudança da importancia brasileira no cenário mundial. Pode representar um grande passo rumo à uma maior autonomia ou um tiro no próprio pé, caso a influência americana gere boicotes ao nosso país. É difícil isso acontecer devido a extensão conquistada pela econômia brasileira , porém não seria imprevísivel uma reação radical dos EUA.

09 março 2010

Teoria da conspiração: Petróleo x terremotos


Após muito se falar em biocombustíveis, redução de CO² e fontes limpas em geral, parece que o petróleo dá uma "respirada" e volta a subir nos últimos dias. O aumento vem acompanhado das tragédias envolvendo abalos sísmicos no Chile e na Turquia. Parecem ser fatos totalmente isolados, mas não para os olhos mais atentos.

Recentes pesquisas mostram que esses abalos, à grosso modo, possibilitam uma maior exploração dessas riquesas geológicas. Os terremotos dão maior permeabilidade as rochas, ajudando tanto na descoberta de novas jazidas como em sua exploração. Sabendo disso os investidores de plantão voltaram os olhos novamente para a compra de barris de petróleo. As alterações já podem ser sentidas no cenário nacional. Fecharam em alta hoje a Petrobrás e a CSN, duas empresas de exploração mineral, que teoricamente teriam mais facilidades a partir de agora. Seria só oportunismo? Para os chavistas não !


Desde os terremotos no Haiti, chavistas venezuelanos vem denunciando pesquisas norte-americanas com armas capazes de produzir terremotos. A suspeita se mantém no fato dos terremotos terem características semelhantes: como o caso do terremoto que atingiu a Venezuela em 8 de janeiro, Honduras em 11 de janeiro e o terremoto no Haiti em 12 de janeiro, todos ocorridos neste ano e a 10km de profundidade. Como teria consguido isso? Através de um projeto militar, HAARP (High Frequency Active Auroral Research Program ou Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência) são pesquisas realizadas há 20 anos para se obter formas mais rápidas de comunicação. As pesquisas há muito tempo são críticadas pelo parlamento europeu, segundo eles as pesquisas tem fins bélicos e poderiam gerar mudanças violentas e inesperadas para o clima. O sistema coordenaria a emissão de radiofreqüência através de um sistema de satélites que controlam as freqüências induzidas por “hipocampos” e que são capazes de produzir atividade sísmica. A "arma" já vem, supostamentes, sendo usada desde o terremoto na China em 2008.


O benefício que os EUA teriam, seria a ocupação do Haiti. Sabe-se que até agora pouquíssima coisa foi feita para ajudar na reconstrução do país, muito pelo contrário. O arroz consumido pelos haitianos é 80% vindo de território americano, sobre imposição do FMI ao governo de suspender os subsídios a produção local. Porém locais de extrema importância já estão ocupados, como o aeroporto de Porto Príncipe e o palácio presidencial (ou o que restou dele). Bom, esta é mais uma das teorias de conspirações que podem ser tanto radicais como verdadeiras, mas como é de praxe: que faz sentido, isso faz.

07 março 2010

PEC 300: Se eu pago mais, eu quero um serviço melhor


Na última terça-feira foi aprovado o PEC 300, uma emenda constitucional que torna o piso salarial dos policiais militares, civis e dos bombeiros (servidores do estado) igual ao dos militares do Distrito Federal, de R$3300,00. A aprovação foi feita depois de muita pressão dos militares, que mesmo sem muitas greves conseguiram convencer os deputados. O projeto já se arrastava há varios anos na Câmara dos Deputados, sendo adiada diversas vezes a decisão final, antes os policiais e bombeiros recebiam R$ 1500,00 (ES).


O lado bom da emenda é que com o aumento do salário, a concorrência para esse tipo de concurso aumenta bastante, gerando maior qualificação da polícia, que é tão criticada pelos Direitos Humanos no Brasil. Evita também que o policial necessite se corromper a fim de melhorar sua renda. O novo salário também é justo por se tratar de uma profissão de grandes riscos físicos, já que troca de tiros, incêndios, entre outras situações são a rotina desses oficiais.


O lado ruim é o grande prejuízo que irá provocar nos cofres públicos com o aumento de mais de 100% dos salários de soldados e dos oficiais de alta patente. Consequentemente, isso será sentido no bolso dos contribuintes. A medida divide opiniões. Uns dizem que o provável aumento dos impostos com os investimentos em segurança, diminuiram a necessidade de investimentos em segurança particular. Outros acreditam que a violência policial e o "amadorismo" da polícia brasileira continuará pois prevalece nas Academias de Formação de Oficiais a "velha guarda" cruel dos militares.


Porém, aceitando ou não, agora não tem mais volta, o projeto de emenda já foi aprovado. Agora nos resta cobrar maior qualidade do serviço de segurança pública, já que o preço que pagamos por ela aumentou dessa maneira tão significativa.

A queda do sistema


Nos últimos dias, muito se tem noticiado sobre o caos vivido na Grécia. Esse caos é a prova viva que a crise não passou coisa nenhuma, ela está muito presente e continua a fazer vítimas. Se antes "apenas" empresas haviam quebrado, como a GM, alguns bancos e o sistema imobiliário americano; agora são países inteiros que vão para o buraco. Países desenvolvidos como a Irlanda, Islândia, Itália, Espanha e Portugal estão com as suas dívidas maiores que o seu PIB, gerando deflação e desemprego dentro de seus países. Como grande parte do dinheiro que circula é usado para pagar as dívidas, falta dinheiro no mercado interno, logo o preço dos produtos cai sem parar. Assim os comerciantes são obrigados a vender seus produtos por preços abaixo do custo, tendo que demitir seus funcionários, que por sua vez para de comprar por falta de dinheiro obrigando a abaixar ainda mais os preços.


Quando isso acontece, a população vai as ruas protestar e se pergunta: por que o governo não faz nada? A resposta é simples, todos sabem que hoje a econômia é controlada pelas suas leis de mercado sofrendo pouquíssimas interferências do governo. Predomina o liberalismo. Para tentar recuperar suas economias, os países injetam grandes quantidades de dinheiro em empresas grandes, para que estas não quebrem e levem consigo outras empresas. A curto prazo isso até resolve, mas chega um momento em que o dinheiro acaba, então apela-se para os empréstimos aumentando a dívida externa e voltando a estaca zero.

Para piorar, nesses países europeus usa-se o Euro, moeda corrente em grande parte do continente. A moeda, portanto, tem valores semelhantes em todos os países. Isso impossibilita a utilização de uma ferramenta que poderia amenizar esse caos, o controle da inflação por parte de um país. Porque uma desvalorização da moeda na Grécia irá desvalorizá-la na Alemanha também, que não permite que o governo grego faça isso.


Diante da violência da população pela negligência do governo, percebe-se a repressão dos policiais. Os governantes com suas mãos atadas sem ter o que dizer para a população, partem numa desesperada tentativa de se manter a ordem através da força. Em outro tempos foram usados contra isso o investimento em obras públicas pelo estado, dando emprego a população e fazendo com que eles consumissem. Mas por enquanto essa alternativa parece ser inviável devido à falta de dinheiro.


Mas esse caos não é só desse "pós-crise". Quem não se lembra do panelaço na Argentina em 2003? Eu acho que minha visão política está clara nesse blog, mas como que o problema foi amenizado na época? Com o governo de esquerda de Néstor Kirchner investindo em planos sociais, dando emprego, aumentando a circulação interna de dinheiro e diminuindo gradativamente o caos. Então como aconteceu na década de 1930 e na Argentina, eu prevejo que os próximos anos serão de crescimento das influências de esquerda, aumentando a adesão da pessoas nesse "estilo" de fazer política.

12 fevereiro 2010

Os corrompidos


O sistema carcerário brasileiro, e principalmente o capixaba, é falho e desorganizado. As violações dos direitos humanos são inúmeras e os mals tratos são frequentes. Além da violência e da negligência por parte dos órgãos públicos, existe o agravante da falta de infraestrutura. No Espiríto Santo os presos são mantidos dentro de camburões, dentro de contêineres, as celas estão superlotadas, o esgoto corre à céu aberto dentro das celas, falta atendimento médico, não há nenhuma atividade de reabilitação e muito menos de recreação, os detentos são vítimas de agressões, torturas, humilhações, muitos adoecem devido a falta de higiene e a negligência médica, a situação é caótica. Porém isso não incomoda muito os cidadãos capixabas. Muitos tem o pensamento de que "bandido bom é bandido morto", que o preso deve sofrer o máximo possível para "aprender" a não cometer crimes, e essa idéia é reforçada em programas de televisão por apresentadores como Datena, Ratinho, Vágner Montes entre outros.


Mas o que se vê não é exatemente isso. Por exemplo o estado do Espírito Santo onde está o pior sistema carcerário do país, um "exemplo de correção de indivíduos" está em segundo lugar como um dos mais violentos do país perdendo apenas para Alagoas. A cidade de Vitória está em segundo lugar como uma das mais violentas, outros municípios "bem colocados" são Serra e Linhares, todos segundo o calculo de homicídios por habitantes. Portanto já está mais do que provado que essa política não resolve problema algum.

No Brasil policiais e cidadãos julgam os criminosos como desmerecedores de qualquer atenção do estado, como pessoas livres que não souberam viver em sociedade. Mas na verdade os presos nada mais são do que vítimas das injustiças do governo. São frutos da má administração, da negligência, da falta de educação, da falta de oportunidades,etc. O cidadão mais humilde diante de tudo isso vê então no crime uma possibilidade de ascensão social, uma forma de levar uma vida melhor já que não há outra alternativa. Então esse cidadão é preso e vai recebendo todas essas "punições", aumentando seu ódio, não aprendendo nada na prisão além de cometer outros crimes, então ele sai e se torna uma pessoa "pior" do que ele entrou.


As cadeias não deveriam punir esses cidadãos, deveriam ensina-los a sobreviver de outras formas, dar as oportunidades que lhes faltaram durante sua formação, como educação e trabalho. Muitas pessoas julgam os criminosos tendo como base apenas os próprios crimes, mas é importante saber que muitos deles são pobres que não tiveram nenhum tipo de informação durante sua vida e que o crime é de fato a única forma de poder competir pela sobrevivência num mundo como o que é hoje. É errado, de fato é porém é a realidade, como dizia o filósofo Jean-Jacques Rosseau "o homem é bom por natureza a sociedade é que os corrompe".

11 fevereiro 2010

Os coronéis do século XXI

No Espiríto Santo, graças aos incentivos fiscais e as condições físicas oferecidas, existem muitas multinacionais importantes, como a CST (do grupo Arcelor Mital), Aracruz Celulose (VOTORANTIM) e a suco Mais (Coca Cola Co.). Essas empresas representam grande parte do recolhimento de impostos, oferecem muitos empregos e trazem o desenvolvimento para o estado que há algum tempo tem ficado esquecido na região sudeste pela sua pouca importância. Sabendo disso essas empresas usam e abusam do estado a ponto de medir forças com o Ministério Público muitas vezes são vários os casos.


A CST (Compania Siderurgica de Tubarão) polui o horizonte de Vitória e Vila Velha com o pó preto lançado em suas chaminés. Vários abaixo-assinados já foram feitos, vistorias dentro da indústria e pouco se tem feito. Esse pó causa muitos casos de problemas respiratórios nos postos de saúde dessas cidades, tornam manter a casa limpa uma tarefa impossível, além da mancha negra que se pode ver de todas as regiões da Grande Vitória. No verão graças aos ventos noroeste esse pó avança pelo continente tornando a situação mais crítica.



A Aracruz Celulose vai mais além. Seus problemas começam com a ocupação de terras pertencentes a reservas indígenas e não pararam por aí. A plantação de eucalipto absorve grandes quantidades de água e prejudica as porduções dos pequenos agricultores do município. A celulose libera também nas águas dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim substâncias cancerígenas, contaminando quem consumir da água ou dos peixes desse rio, prejudicando portanto a irrigação das plantações e a atividade pesqueira da região.
A suco Mais em Linhares, recém comprada pela Coca Cola, também é mais uma que usa e abusa dos recursos naturais do estado sem interferencia do estado. O MPA (movimento dos pequenos agricultores) denuncia a empresa por poluir o Córrego das Pedras que abastece as plantações do município. Além de não fazer nada o governo ainda autorizou a construção de outro sistema de escoamento que irá dobrar a quantidade de poluentes despejada no rio. Prejudicando o meio ambiente e os agricultores locais.
Esses são casos do Espiríto Santo, mas com certeza existem vários outros por todo o território brasileiro. Principalmente em estados carentes de recursos, eles não podem se dar o luxo de perder empresas como essas e elas sabendo de sua influência atuam de maneira autoritária elegendo seus representantes, comprando votos dentro das assembléias, e em alguns casos até mesmo usando da violência como a guerra que existe entre índios e seguranças da Aracruz. São os coronéis do século XXI. A mídia como de clichê, não denuncia esse tipo de ação e vira mais um cumplice dos crimes destes "coronéis". Como diz o ditado "manda quem pode, obedece quem tem juízo".

09 fevereiro 2010

[ESPORTE] Reciclagem de jogadores


Nos últimos dois anos o futebol brasileiro tem presenciado um fenômeno de migração de jogadores, não se trata do tradicional movimento de saída de jogadores para a Europa mas sim da volta desses jogadores muitas vezes já consagrados. É o caso de jogadores como Adriano (Flamengo), Fred (Fluminense) e Robinho (Santos) todos com passagem pela seleção brasileira que jogaram na última Copa do Mundo. Esses jogadores se diferenciam de um outro jogador já consagrado que também jogou na Copa de 2006 pela seleção brasileira, trata-se de Ronaldo, porém no caso do fenômeno é mais provável que tenha vindo para o Brasil já para se aposentar no Corinthians o que não passa pela cabeça dos outros citados.


Os fatores para esse acontecimento estão relacionados com a proximidade da Copa do Mundo, esse jogadores estavam em má fase na Europa devido a grande concorrência de jogadores e do maior nível de qualidade exigido lá fora. Existe grande pressão por parte dos dirigentes dos grandes clubes devido aos grandes investimentos que são feitos no futebol, bem maior do que no Brasil. Há também a pressão dos torcedores europeus pelo fato dos brasileiros serem estrangeiros e não tem tanta aprovação como os jogadores do continente. No Brasil esses jogadores encontram mais carinho da torcida, mais privilégios dos dirigentes, além de ficar próximos de suas famílias.


A consequência disso é que aumenta o nível do futebol jogado no Brasil, exigindo uma melhora dos novos jogadores que entram para o mercado, aumentando também a visibilidade do campeonato interno, aumentando patrocínios e o valor de compra desses novos jogadores. Apresentam também a reciclagem desses jogadores não só para a seleção brasileira como também para voltar a Europa. Devido ao sucesso dessa atitude desses craques, a tendência é que outros craques brasileiros esquecidos na Europa possam voltar ao Brasil mesmo após a Copa do Mundo.

Brasil aumenta a frota mais a renovação ainda é lenta


Nos últimos sete anos a frota brasileira de veículos cresceu 27,3%, hoje circulam pelo país cerca de 25 mi de carros. Deve-se isso ao incentivo do governo em renovar a frota com carros menos poluentes. Um dos objetivos é diminuir a emissão de carbono na atmosfera, para isso o governo conta com a diminuição de impostos como o famoso IPI para incentivar a compra de carros. O problema é que essa medida não é suficiente, aumentou o número de carros novos porém não retirou os velhos de circulação.

Além disso um combustível como o Gás Natural, o menos poluente dos aceitos nos carros do mercado, não chega a todo o território devido à falta de estrutura. O governo esbarra então em dois conflitos. O primeiro diz respeito a baratear o uso dos carros, fazendo com que chegue as camadas mais baixas da população. Ou aumentar o custo de carros, principalmente dos movidos à combustíveis poluentes como a gasolina e o diesel, à fim de diminuir a poluição.

E o segundo conflito nasce da primeira discussão: Incentivar esses combustíveis menos poluentes que em geral se encontram fora do país e representam negócios incertos economicamente falando, por se tratar de uma dependencia da Bolívia por exemplo que fornece o gás, já que as pesquisas com o etanol ainda engatinham. Ou continuar usando combustíveis poluentes derivados do petróleo, já que o país consegue se auto-sustentar e representa um bom negócio do ponto de vista econômico.

Mais uma vez entramos na velha discussão que não se encontra respostas definitivas: priorizar o desenvolvimento ou a preservação ao meio ambiente?

Enriquecimento de urânio: perigo Real ou monopólio dos EUA


Mahmoud Ahmadinejad anunciou que vai enriquecer urânio fora do Irã. O anuncio gerou um certo espanto no governo norte-americano. Eles acreditavam que as restrições impostas pela ONU para pesquisas nucleares fariam o presidente esquecer a idéia de investir em energia nuclear. A energia nuclear tem tudo para ser a energia do futuro por ser limpa e eficiente. Limpa porque não lança poluentes na atmosfera (caso das termoelétricas) e nem destrói grandes áreas para sua construção (caso das hidrelétricas); e eficiente pois tem maior produtividade do que as outras fontes de energia conhecidas. Porém existe o risco de acidente radiotivo, freando os avanços da tecnologia. A questão é se existe realmente o perigo de fabricação de armas nucleares, podendo resultar em uma guerra de proporções catastróficas, ou se tudo isso não passa de uma tentativa dos EUA em manter o monopólio no enriquecimento de urânio e produção de energia nuclear?


Poucos países tem o "direito" de realizar pesquisas nucleares. Tudo porque a ONU pressiona os países dispostos a desafiar sua "recomendação", ameaçando a romper as relações comerciais dos seus membros prejudicando a economia dos governos "rebeldes". O Irã é um desses países "rebeldes". O presidente Mahmoud Ahmadinejad tem mostrado boa disposição em investir nesse tipo de energia, o país é relativamente pequeno, possuindo poucos recursos naturais. Grande parte da população ainda vive nas zonas rurais, portanto propostas de energia como fonte de hidrelétricas são inviáveis. Além disso o clima árido da região, com grandes secas não garantiria a solução do problema. Usinas nucleares ocupariam menos espaço e abasteceriam o território sem grandes agravantes.


Por outro lado, o Irã é um país teocrático com tradições radicais onde se destaca sua intolerancia. Como exemplo temos a recente censura imposta pelo governo, privando a imprensa internacional de mostrar as manifestações populares que denunciavam uma possível fraude nas eleições do ultimo ano. Então continua a dúvida do início do post, existe realmente o perigo do Irã produzir armas nucleares ou é apenas uma tentativa dos EUA de manter a liderança nas pesquisas dessa área?

29 janeiro 2010

Crise e Xenofobia


Durante muito tempo mexicanos nos EUA e africanos na Europa ocuparam empregos de baixa renda que os cidadãos desses países rejeitavam. Oferecendo mão de obra à um preço baixo, ajudaram muitas empresas a aumentarem os lucros e consequentemente crescer. Pois bem, passada a crise com a declaração de falência de muitas empresas e demissões a oferta de empregos diminuiu. Com isso os salários tendem a baixar piorando a situação dos "patriotas" nascidos nesses países.

Então crescem movimentos xenóficos, e em alguns casos fascistas, atacando os estrangeiros e recebendo pouca ação policial para tentar impedi-los. Os policiais preferem reprimir os estrangeiros que aparentemente protestam pacificamente contra essas agressões. Os xenófobos tentam justificar tanta violência dizendo que esses estrangeiros estão prejudicando a condição de vida dos "nativos". Porém os "nativos" usaram de táticas piores há alguns anos atrás em relação aos estrangeiros. Grande parte do território que hoje pertence aos americanos era mexicano e foi anexado por meio de guerras. As guerras tinham um motivo: civilizar os mexicanos. Na Europa não foi muito diferente, as invasões em nome da "civilização" aconteceram na África, levaram miséria e mortes no continente. Hoje os "civilizados" se tornaram um problema e são agora negligenciados pelos governantes culpando e exigindo ações dos países de origem.

O imperialismo fez vítimas no passado, agora seus "crimes" parecem prescrever. As vítimas agoram não pendem indenizações nem nada, só pedem respeito, porém parece que seus agressores esqueceram o que é ser civilizado.

Censura na Venezuela

Na última semana, uma decisão de Hugo Chávez na Venezuela deu o que falar na imprensa. Muito por criticar um governo esquerdista, mas também para defender os colegas de profissão venezuelanos. Acontece que Hugo Chávez mandou simplesmente fechar duas emissoras, tendo COMO UM DOS MOTIVOS a não transmissão de um discurso seu. Os funcinários das emissoras fechadas foram às ruas para protestar a anti-democracia do governo.
A razão do fechamento de empresas desse tipo é que vão contra a revolução venezuelana. É inegável que o governo venezuelano caminha como um país do bloco comunista durante a guerra fria. Ele toma medidas para o povo, combate as desigualdades, melhora as condições de vida, mas precisa se proteger. Não podemos ter a ingenuidade de achar que os jornalistas censurados são vítimas nessa situação, eles usam de seu conhecimento e o seu dom da fala/escrita para manipular a população e coloca-la contra o governo. Para se proteger disso eles acabam tendo que apelar para a censura.
Não devemos achar também que isso é uma aberração que só acontece lá. Aqui ainda convivemos com abusos como esse. Basta observar os principais veículos de informação existentes no país e perceber que são na maior parte membros da direita. Mas nesse caso não é por ação do governo, mas por ação do próprio mercado. Os grandes empresários que investem e patrocinam é que fazem o sucesso das revistas. O mercado editorial tenta atrair esses empresários, então obviamente não vão critica-los, vão dar razão aos seus conceitos e suas idéias de direita. O resultado disso é que a visão política de esquerda fica frágil e indisposta de se propagar.
Não que eu ache que o presidente venezuelano esteja certo em agir dessa maneira. Particulamente gosto do foco que ele toma em seu governo beneficiando os menos favorecidos e expulsando o capital estrangeiro. Mas uma política assim, por mais certa que pareça para alguns pode não parecer para outros. Para isso existe a democracia que mesmo declarada por muitos países existentes em seus governos, ainda não foi completamente exercida nem em governos de esquerda nem de direita.

28 janeiro 2010

Tudo passa...!?


Após alguns anos de controle e estabilidade da dívida brasileira, segundo alguns economistas, neste ano o déficit em contas externas irá aumentar. Já existe até mesmo um certo temor sobre uma possível interrupção do ritmo de crescimento. A solução para isso provavelmente seria uma reação neoliberal, em busca do capital estrangeiro investido aqui. Porém essa palavra, neoliberal, para muitos traz um friozinho na barriga, devido ao passado dela ainda no período FHC.

Naquela época o presidente usou e abusou dessa estratégia para promover o crescimento do país ainda muito afetado pelos períodos de superinflação. O problema era que as empresas estrangeiras eram mais fortes que as nacionais e acabavam impedindo o crescimento delas. Além disso a venda das estatais trouxe muita desconfiança em relação à corrupção nas transações. O Caso do grampo do BNDS, que denunciava armações nos leilões dessas empresas e envolvia até mesmo o então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi arquivado sem uma explicação muito clara. Os políticos de esquerda começam a considerar essa política como alternativa, que durante tanto tempo foi criticada por eles.

O fato é que o governo se encontra em um dilema: permitir que a onda de crescimento seja mesmo passageira e enganosa ou adotar uma política perigosa que abre várias brechas para surgir corrupções no governo, num país com um histórico de insucessos com essas ações.

20 janeiro 2010

[ESPORTE] Por que Ronaldinho não joga bem na seleção?


Assistindo à boa fase de Ronaldinho no Milan todos ficaram animados em vê-lo na Copa do Mundo em Junho. Porém o craque tem um histórico de boas fases em clubes que ainda não foram vistas na seleção, mas por quê ? Para ter essa resposta temos que analisar as diferenças entre jogar nos dois times.


O primeiro fato é o entrosamento, no clube os jogadores jogam juntos uma temporada inteira, cerca de 50 jogos por ano fora os treinos mantendo sempre uma base. Na seleção o time titular muda várias vezes e em 4 anos não tem tantos jogos assim para criar um entrosamento similar.


Outro fator específico ao caso do Ronaldinho, talvez seria o fato de que ele teve mais sucesso com esquemas mais ofensivos. Com Rijkaard no Barcelona e Leonardo no Milan, Ronaldinho sempre jogou com liberdade tanto para flutuar pelos lados do campo como para não marcar. O resultado dessa estratégia foi o jogador sempre esperando a bola de rebote da sua defesa para partir em contra ataque, a principal arma do jogador. Na seleção brasileira, Ronaldinho é quase sempre colocado como armador, bem centralizado. E como manda a tradição a seleção joga cadenciando jogo, devagar, esperando para atacar e não se arriscando tanto. A consequência disso é que o jogador fica sempre preso no meio da marcação que se encontra sempre bem postada atrás da linha da bola.


A conclusão que é possível se tirar disso tudo é que Ronaldinho com certeza merece uma vaga na seleção, porém o estilo de jogo dele não se enquadra pelo proposto pelo técnico Dunga. Aliás o técnico já declarou em uma de suas primeiras entrevistas que gosta que se respeite a hierarquia dentro da seleção, ou seja, há certos jogadores que tem um crédito dentro da equipe e que não será qualquer contratempo, qualquer mudança que irá alterar o time formado desde 2007.

19 janeiro 2010

O "temível" MST


Depois dos assasinatos de Chico Mendes e da Irmã Dorath, defensores dos pequenos agricultores voltam (leia continuam) a sofer ameaças. Trata-se da irmã Geraldinha que está no acampamento do MST em Salto da Divisa. Mesmo com a insistencia de partes da mídia em criminalizar manifestações sociais como essa, os movimentos são legais juridicamente, portanto os sem-terra estão defendendo seus direitos. No momento em que ele "invade" as terras, cansado de esperar pela reforma lenta do governo é que se tornam ilegais e assim são caçados pela polícia local que atua como um verdadeiro jagunço dos latifundiários. O movimento sofre preconceito até mesmo nas classes mais baixas. São classificados muitas vezes como vagabundos que tem preguiça de trabalhar quando na verdade é o que eles mais querem.

A Reforma Agrária é bem justificada. Primeiro porque a maioria das terras brasileiras não foram compradas junto à união, são resultados de famílias de imigrantes portuguesas que as anexaram durante o período colonial. Outras são de outros imigrantes europeus que as ocuparam fugindo da exploração dos latifundiários da época, tal como o MST tenta fazer hoje. Há também aquelas que atualmente são "roubadas" através da grilagem, uma prática em que documentos falsos são feitos e colocados em gavetas com grilos dando ao papel uma aparência antiga. O mais justo (pelo menos do meu ponto de vista) seria uma divisão total das terras de forma igual, dentro do ideal comunista, já que não há maneiras de se provar a legitimidade das escrituras. Reconhecendo a radicalização desse ideal e a provável não aceitação pública, o atual governo tenta fazer a reforma oferecendo a esses grupos terrar abandonadas e improdutivas, como áreas na Amazônia que já foram devastadas. Os solos ficam inférteis e são liberados para grupos sem-terra, como não conseguem sobreviver com essas terras, tornam-se mão-de-obra para madeireiras. E a partir de uma visão mal informada pode parecer que o MST está derrubando a floresta como foi destacado pela revista Veja no ínicio desse mês.